Criatividade será a palavra que mais se enquadra quando se carateriza Mafalda Barbóz. Não apenas pela forma como se expressa em campo, como também pela forma como o faz fora dele, com ideias e pensamentos de uma maturidade bem superior aos 18 anos que conta no cartão do cidadão. Uma ideia que revela quando recorda o momento em que saiu, nos minutos iniciais da deslocação a Alcochete para defrontar o Sporting, numa altura em que o Damaiense ainda disputava a fase regular da série sul da Liga BPI, e se suspeitava que poderia ter contraído uma lesão grave.
Nessa altura, ficou na retina a expressão triste da jovem jogadora, que abandonou o relvado em lágrimas e desde então Mafalda tem recuperado, paulatinamente, o espaço que ia tendo na equipa. Porém, não se foca em demasia na lesão que subitamente lhe retirou algumas semanas de competição. “Acho que a lesão veio quando tinha de vir. Não tenho problema nenhum, fiquei triste e chorei na altura porque me estava a doer ‘para caramba’ (risos) e eu não sabia muito bem, as minhas colegas sabem, eu quando vejo sangue caio para o lado,” revela, agora sorridente, Barbóz.
“Então, na altura caí no chão e pensei assim: ‘ouvi um estalo’, nem queria olhar para baixo porque sabia que tinha aquilo tudo desengonçado e já me ia ‘dar o treco’… Entretanto, estava tudo bem, só doía…eu saí em lágrimas só por causa disso, pensei que estava a ir desta para melhor. Mas depois, falando da lesão, nós aprendemos – e lá estou eu, sempre com as minhas frases (risos) – acho que a partir do momento em que aprendemos que tudo serve para alguma coisa…eu acredito muito nisso e o que sinto é que a lesão que tive foi mesmo porque tenho de aprender a ter calma,” reflete a atleta do Damaiense.
Criativa ganhou rodagem no Damaiense junto de colegas de formação no Benfica
A talentosa jogadora recuperou em pleno e terminou a época mais uma opção válida para João Videira e ainda Ademar Colaço, que assumiu o comando técnico no último jogo da época, uma verdadeira ‘final’ pela permanência em Barcelos e desde logo a lançou como titular e com uma hora de utilização, ciente da sua capacidade de alinhar a partir do meio-campo a partir do meio ou das faixas. Com tudo já passado, Barbóz conta ainda como encarou o processo de recuperação. “Agora tenho de colocar a minha cabeça a pensar nas coisas certas e tranquilo, que num mês estaria recuperada,” assim se mentalizou.
“E foi isso que pus na cabeça, num mês fiquei recuperada, mas se me perguntarem ‘ah, mas veio na altura certa…veio. Veio quando tinha de vir. Não penso em desgraça, acho que está tudo como tem de estar,” explanou Mafalda Barbóz, que se notabilizou na formação do Benfica, emblema ao qual se juntou em 18/19 depois de ter sido recrutada junto do Palmelense e no qual encontrou de imediato a defensora Carolina Correia e mais tarde, ainda nas juniores encarnadas, outras companheiras como Daniela Santos, cujo retorno ao Benfica já é uma realidade.
Junto destas colegas de equipa, Mafalda cumpriria a temporada de estreia na Liga BPI ao serviço do Damaiense, onde ganhou maturidade, lembrando “as vezes que nos deram na cabeça” devido às precipitações coletivas na procura pela vitória…que custaram alguns empates e a permanência no primeiro escalão. Ao dia de hoje, muito em breve será conhecido o futuro desta internacional jovem por Portugal que ainda pondera entre as propostas que recebeu, uma delas de continuidade no Damaiense.