Longa foi a espera para Rita Barreto. Sem marcar desde dezembro, por ocasião da partida com o Sporting B, a extremo reencontrou-se com os golos na vitória do Futebol Benfica sobre o Racing Power (0-1). Um triunfo especial por ser a primeira derrota da equipa da margem Sul no campeonato e pelo relançar da luta pelo primeiro lugar da II divisão, que vale subida direta ao principal escalão (o Fofó é segundo a um ponto do RP). “Assim que vi a bola na área e tendo em conta o posicionamento da minha adversária, vi o que tinha de fazer. Fiz uma deambulação e de primeira rematei. É um golo que queria há muito tempo e advém do trabalho nestes meses, mas o principal foi a vitória”, afirma Rita Barreto ao Lado F. Traçando como meta o primeiro lugar e título de campeãs da II divisão, a ala esquerda reconhece que o duelo foi encarado com “seriedade elevada”. “Temos um grupo excelente no sentido de compromisso. Somos uma família e esse é o nosso ponto mais forte. Temos trabalhado muito e os resultados estão à vista. Somos a única equipa que já venceu todos os adversários, pois o Racing Power ainda não ganhou ao Sporting B”, completa.

E se na primeira volta, o Fofó perdeu alguns pontos, Rita considera que os mesmos estão a ser recuperados agora, sabendo que nas cinco restantes jornadas, o RP terá de escorregar para que a formação orientada por João Mugeiro possa subir ao topo da tabela.
Na época passada, a descida de escalão ditou uma remodelação no plantel, desde jogadoras à equipa técnica, retocada e que introduziu um novo esquema tático, rompendo com o anterior 4x4x2. Caras novas foram poucas, com destaque para o regresso de Inês Salvador, central que saiu para o Damaiense, mas voltou recentemente. “Utilizámos as ferramentas que tínhamos e não houve muitas contratações. O míster apostou nas ferramentas que tinha e tem dado resultados. Por vezes, não passa só por contratações, mas por criar um bom grupo, coeso, com ideias fixas e princípios de jogo”, vinca. Com novos princípios de jogo assimilados – “o míster dá-nos muito na cabeça para fazer as coisa como ele pensa” – e segundo a ala esquerda, “há uma ideia bem montada de jogo”. Tendo cuidado na área nutricional, um complemento à parte física, Rita Barreto é também treinadora das sub-15 do Fofó, equipa que terminou o campeonato no terceiro posto. Continua a dar treinos com vista a uma nova fase, com seis jornadas, a iniciar-se a 30 de abril.

À margem do desporto, Rita está a terminar um estágio no âmbito do mestrado e dá aulas de Educação Física a uma turma do nono ano.
O colar especial talismã
Mulher de fé, em todos os jogos Rita Barreto não abdica de um ritual que mantém até hoje. Um colar oferecido pela avó paterna, Isilda, de cem anos, acompanha-a. “Ando sempre com ele e como não podemos jogar com este acessório, levo-o sempre para o banco. Tem uma cruz e ajuda a proteger-me”, revela a atacante, cujo pai já faleceu.
Fotos: Tiago Tavares